Vereadores que trocarem de partido dão brecha para questionamentos, alerta especialista
Terça, 30 de Janeiro de 2018 - 00:00
Vereadores que trocarem de partido dão brecha para questionamentos, alerta especialista
por Guilherme Ferreira
Foto: Guilherme Ferreira / Bahia Notícias
Os vereadores que desejam mudar de partido nos próximos
meses não podem o fazer sem o risco de ficar sob questionamento junto à
Justiça Eleitoral. A avaliação é do advogado eleitoral Ademir Ismerim,
que, em entrevista ao Bahia Notícias, ressaltou que os vereadores só
podem integrar uma nova legenda sem perder a cadeira no Legislativo por
meio de uma ação junto à Justiça Eleitoral ou em caso de expulsão da
sigla. "Eles não podem mudar de partido com a garantia de que eles não
serão questionados na base dele, por parte dos partidos políticos ou do
Ministério Público Eleitoral", explicou. A janela partidária de 30 dias
entre março e abril permite apenas que deputados federais, deputados
estaduais e senadores troquem de partido, porque o mandato deles se
encerra este ano. Como os vereadores ainda têm dois anos em seus cargos,
eles precisam recorrer a outros artifícios. "Quando há desavenças entre
o partido e o vereador, isso pode ser caracterizado como perseguição.
Mas pra isso é preciso que tenha elementos, não pode ser simplesmente
uma alegação", exemplificou Ismerim. A Lei Orgânica dos Partidos
Políticos estipula que os políticos ainda no meio de seus mandatos
possuem dois caminhos para conseguir uma desfiliação por justa causa e
se juntar a outro partido sem perder o mandato: mudança substancial ou
desvio reiterado do programa partidário ou grave discriminação política
pessoal. E é nesse momento em que os questionamentos podem aparecer.
"Ele [vereador] tem que provar que essas condições se apresentam",
reforçou o advogado eleitoral. Há situações, no entanto, em que o
próprio partido abre mão de um desgaste judicial com seu filiado. "Tem
muitos casos em que o partido abre mão do mandato e dá uma espécie de
carta dizendo que não tem interesse que ele fique no partido", comentou
Ismerim. Na Câmara de Salvador, vereadores desejam mudar de partido por
diversos motivos. José Trindade (PSL), por exemplo, mostrou
descontentamento com o sua legenda após o anúncio da filiação do
deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). Já Carlos Muniz alega
divergências com o presidente estadual do seu partido, o deputado
federal Bacelar, para justificar seu desejo de saída do Podemos.
Enquanto isso, os quatro vereadores do PHS encaram uma mudança na
direção estadual que pode levar a sigla - atualmente na base do prefeito
ACM Neto - a uma troca de lado no espectro político.
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