Município de Adustina registrou nos últimos oito dias volume de chuva de 130 mm, o que era esperado para o mês inteiro.
Excesso de chuva afeta safra de feijão no nordeste da BA e prefeitura de cidade prevê prejuízo de até 20%
Município de Adustina registrou nos últimos treze dias volume de chuva de 130 mm, o que era esperado para o mês inteiro.
Reprodução:www.adustinaadsa.com em 15/09/2017
Por G1 BA
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(Foto: Jailson Rodrigues/blog.www.adustinaadsa.com) |
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Colheita de feijão é prejudicada por excesso de chuva em Adustina, na Bahia (Foto: Roberto Santos/Arquivo pessoal)
O grande volume de chuva registrado nos últimos dias no município de
Adustina, localizado no nordeste da Bahia, tem preocupado produtores de
feijão da região diante da possibilidade de perda da safra. Enquanto em
anos anteriores a vilã foi a seca, dessa vez o tempo chuvoso é que está
prejudicando a qualidade dos grãos. A prefeitura municipal prevê um
prejuízo de até 20% na colheita desse ano.
Conforme o secretário municipal de Agricultura, Alex Sílvio, somente
nos últimos oito dias foi registrado volume de chuva de 130 mm no
município, o que era esperado para o mês inteiro. Com isso, o feijão que
era pra sair do campo quase seco e maduro está sendo colhido com umidade acima do ideal ou mesmo apodrecendo nas vagens ainda no pé.
Além disso, os grãos que já foram armazenados também correm risco de
apodrecer, porque, sem sol, o feijão não seca. O período da colheita
ocorre sempe de agosto a setembro, três a quatro meses após o plantio.
A situação atual é bem diferente da registrada em 2013, quando Adustina teve a melhor safra em 30 anos.
A cidade, localizada a cerca de 356 quilômetros de Salvador, e mais 13
municípios vizinhos formam a maior região produtora de feijão de inverno
do estado da Bahia. A produção é vendida nas feiras livres do mercado
interno e escoa também para outros estados, como Ceará e Pernambuco. Nos
últimos três anos, no entanto, a seca prolongada que atingiu a região
atrapalhou os planos dos produtores, agora surpreendidos também com o
volume alto de chuva.
"Para essa época do ano, quando ocorre a colheita, a gente não esperava
chuva tão expressiva. Vem chovendo de forma regular e isso não é comum.
Agosto e setembro são, históricamente, meses de colheita do feijão, e
esse tempo chuvoso pegou os agricultores de surpresa. Alguns que tiveram
acesso a informações meteorológicas conseguiram se apressar e fazer a
colheita de forma antecipada. Mas os demais estão tendo prejuízo em suas
lavouras", destacou Sílvio.
Conforme o secretario de Agricultura, em 2017, houve um aumento de 8
mil hectares para 12 mil hectares na área de plantação de feijão no
município. Isso porque a seca dos últimos três anos também afetou a
cultura do milho.
![]() Colheita de feijão é prejudicada em Adustina por excesso de chuva (Foto: Roberto Santos/Arquivo pessoal)
"Aumentamos a área de feijão plantado, por conta da perda por três anos
consecutivos na lavoura de milho. Os bancos que financiam a atividade
da agricultura, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf), só disponibilizaram recursos esse ano
para a plantação de feijão. E como 80% dos agriculrores municipais
plantam com recursos do Pronaf, eles decidiram reduzir as plantações de
milho (de 24 mil hectares para 20 mil hectares) e aumentar as de
feijão", destacou.
Inicialmente, a expectativa dos cerca de 3,2 mil agricultores
familiares que existem hoje no município era colher esse ano 30 mil
sacas, o que corresponde a 18 mil toneladas. Cada saca chega a ser
comercializada por R$ 120, mas o preço tende a cair com a perda da
qualidade do grão em decorrência da chuva.
"Adustina já foi o terceiro maior produtor de feijão do estado. Mas com
o passar do tempo, os agriculotores começaram a encontrar dificuldades
por conta do clima. Em anos anteriores foi a seca. Esse ano, a chuva em
excesso. Também há dificuldade por conta da escassez de mão de obra na
colheita, que ainda é feita de forma manual pela maioria das pessoas -
somente o processamento é mecanizado. Com isso, muitas pessoas migraram
para a produção de milho, cuja colheita é 100% mecanizada", disse o
secretário.
Um dos agricultores que já contabiliza prejuízos com o excesso de chuva
esse ano é André Carvalho, de 31 anos, 10 deles dedicados à agricultura
familiar. Disse ter plantado 33 hectares de feijão e esperava colher
mais de mil sacas. No entanto, conta que só conseguiu aproveitar 200
sacas. "Praticamente, perdi tudo. Comecei a fazer a colheita, mas a
chuva não deixou. O que eu consegui colher antes de começar a chover não
dá nem para pagar as despesas que tive", lamenta.
Carvalho agora espera que não haja "surpresa" na colheita do milho, que
ocorre em novembro. "Eu dividi a área e plantei milho também. Como a
safra é em novembro, o que a gente espera é que não ocorra novos
prejuizos", destaca.
O também agricultor Roberto Santos, que faz parte da associação de
produtores rurais do município, diz que por enquanto não está tendo
prejuízo, mas não esconde a preocupação. "Ainda não estou tendo
prejuízo, porque comecei a a arrancar semana passada, antes da chuva.
Mas quem deixou para colher agora está sofrendo", destaca o produtor
que, mesmo com o tempo chuvoso, espera ter rendimento de 2 mil sacas
esse ano.
"Quanco chega setembro, é normal que o tempo começa a esquentar. Mas
esse ano foi diferente e ninguém esperava. Há muitos anos que já venho
produzinho e nunca vi setembro com tanta chuva. Em 2016, foi ruim porque
tivemos problema por falta de chuva no período da formação da lavoura.
Esse ano, é a chuva. E até quem já colheu pode ter prejuízo, porque nem
todos tem a máquina que faz o feijão secar. Muitos ainda precisam
espalhar, mas não tem sol", destaca Santos, que é produtor há 30 anos.
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