Política do ‘venha a nós’ do PT começa a incomodar aliados e terá impacto em 2018
Segunda, 02 de Outubro de 2017 - 07:20
Política do ‘venha a nós’ do PT começa a incomodar aliados e terá impacto em 2018
por Fernando Duarte
Foto: Divulgação
As razões para a rebelião do PP contra o governo do
estado, cujos detalhes foram publicados na última sexta-feira (29) pelo
Bahia Notícias, mostram que a configuração do jogo político do PT começa
a dar sinais de desgaste também no plano estadual. Nos bastidores
sabe-se que, desde que os petistas chegaram ao Palácio do Planalto, a
estratégia de ocupar o máximo dos espaços possível dentro da máquina
estatal controlada pelo partido é levada à risca. Não que seja uma ação
exclusiva do PT, já que os sucessivos escândalos apontam que outras
siglas como PP, PMDB, PSDB e DEM também trabalhavam com o loteamento do
governo. É que a troca de cargos por interesses passou a ser mais
escancarada – ou mais noticiada ao longo dos últimos anos. Após 14 anos
hegemônico no plano federal, o PT foi obrigado pela queda de Dilma
Rousseff a realocar aliados aos locais de origem. A Bahia, que ainda era
um ninho forte do petismo no Brasil, foi um dos destinos mais certos
para esses “companheiros”. Vide, por exemplo, a nomeação do ex-ministro
Jaques Wagner para funções estatais logo após o fim da quarentena.
Porém, para readequar os espaços para o partido, o governador Rui Costa
acabou também obrigado a mexer nas arrumações internas das correntes
petistas para não deixar fieis aliados desamparados. A tensão, latente
há algum tempo, porém escondida nas coxias e corredores do governo,
ganhou novos episódios que confirmam que há fogo sob a fumaça. Além da
rebelião do PP, que reclamou sem mostrar as faces de que o governador só
tem atendido prioritariamente o PT, o ex-secretário de Cultura, Jorge
Portugal, perdeu a queda de braços para o deputado estadual Rosemberg
Pinto e acabou “renunciado” do posto – e isso não quer dizer que o
trabalho feito pelo professor-cantor fosse excepcional. Rui Costa é um
homem de partido, ainda que não esteja tão totalmente atrelado à imagem
do petismo clássico como Wagner. E, caso ceda mais aos interesses do PT,
pode ficar em maus lençóis na relação com os aliados, a exemplo dos
progressistas que até possuem uma representação importante no plano
político estadual, mas cuja musculatura política ainda fica atrás do
PSD. Por enquanto, nas rodas políticas, a reclamação está mais restrita.
Caso chegue aos social-democratas, Rui deve começar a se preocupar.
Afinal, não apenas de “venha a nós” se reza o Pai Nosso. É preciso
também ceder “ao vosso Reino”.
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