Oposição transforma Lula em 'vítima' e ex-presidente ainda arrasta multidões
Sexta, 18 de Agosto de 2017 - 07:20
Oposição transforma Lula em 'vítima' e ex-presidente ainda arrasta multidões
por Fernando Duarte
Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
A tentativa de suspender o título de doutor honoris causa
concedido pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi bem sucedida e o vereador de
Salvador, Alexandre Aleluia (DEM), autor da ação popular obteve vitória
expressiva na empreitada. Às vésperas da concessão, o juiz da 10ª Vara
da Fazenda Federal suspendeu a sessão do conselho universitário que
aprovou a honraria e colocou água no pleito da militância petista – sim,
é necessário que se admita que a origem da homenagem foi
político-partidária disfarçada de proselitismo acadêmico. Porém, ao
conseguir uma vitória na cassação de um título de “doutor honoris
causa”, a oposição transforma Lula no que o ex-presidente se tornou
especialista nos últimos anos: “vítima”. Desde a chegada dele ao Palácio
do Planalto, em 2003, a oposição usou repetidas vezes a fórmula de
atacar o ex-presidente com todas as armas possíveis, chegando ao nível
de adotar um boneco inflável com a inscrição 13-171, uma referência ao
PT e ao crime de estelionato, como símbolo-mor do combate à corrupção, o
Pixuleco. Enquanto o processo de vitimização de Lula era inflado pela
oposição, o petista resistiu ao mensalão em 2006, fez sua sucessora, a
ex-presidente Dilma Rousseff, e agora aparece bem colocado nas pesquisas
de intenção de voto para 2018. Corre o risco de ficar inelegível caso
se confirme a condenação em segunda instância pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro – hoje já possui uma pena de 9 anos e seis
meses pelos crimes, após decisão do juiz Sérgio Moro. O ex-presidente
iniciou nesta quinta-feira (17), em Salvador, a “Caravana Lula”, uma
campanha eleitoral antecipada, sustentada, principalmente, pelo espectro
de que pode ficar fora da disputa eleitoral do próximo ano. A favor de
si – e com a ajuda da militância -, mantém o tom messiânico que o
caracteriza e ganha espaço para se tornar “vítima” a cada decisão
contrária a ele. Na capital baiana, além dos gritos típicos de “Fora,
Temer” e de “Lula presidente”, recebeu um banho de pipoca. Talvez os
orixás que o guiam sejam fortes o suficiente para evitar que parte
expressiva da população não enxergue o mesmo que a oposição vê nele.
Lula ainda arrasta multidões. Goste-se ou não, numa versão atualizada do
“Brasil, ame-o ou deixo-o”. Este texto integra o comentário desta
sexta-feira (18) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM.
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