Agricultores perderão 70% da produção por falta de chuvas em Sergipe
Agricultores perderão 70% da produção por falta de chuvas em Sergipe
ECONOMIA | 09/08/2016 20:03h - Atualizada às 09/08/2016 20:19h
Reunião foi realizada em Itabaiana para discutir meios para minimizar o prejuízo.
Por Aparecido Santana, redação Itnet.
A falta de
chuvas causou enormes prejuízos aos agricultores do estado de Sergipe. A
expectativa é que haja uma perda de 70% da produção em decorrência da insuficiência das chuvas no inverno deste ano.
Produtores
rurais se reuniram na segunda-feira (08) na New Holland, em Itabaiana,
para alertarem às autoridades públicas e agentes financeiros e a
sociedade em geral sobre a situação.

A reunião contou
com a presença do Deputado Estadual Georgeo Passos, o ex-deputado
Luciano Bispo, o secretário de Agricultura, Esmeraldo Leal, o Secretário
de Meio Ambiente, Olivier Chagas, o superintende do Banco do Brasil, o
gerente do Banco do Nordeste de Itabaiana, representante da Defesa
Civil, representantes dos Senadores, dentre outras autoridades.

De acordo com o
agropecuarista e advogado, José Luiz Melo, um dos idealizadores da
reunião, essa é a maior seca em décadas e chega a superar a estiagem
registrada em 2012. Segundo ele, a expectativa é 70% da produção seja
prejudicada, e apenas a região centro-sul deve ter menores prejuízos.
O agricultor
Uriel Menezes comenta que com as poucas chuvas não será possível colher o
grão do milho e com isso para minimizar os prejuízos é necessário
realizar a silagem para o gado, a fim de garantir a sobrevivência do
rebanho e a renda do produtor, amenizando os nefastos impactos da
estiagem sobre a agropecuária, indústria, comércio e arrecadação. Ele é
morador de Itabaiana e possui plantações em Ribeirópolis e Feira Nova.
Nos últimos 15
anos, a cadeia produtora de milho tem se consolidado em Sergipe, à base
de maciços investimentos em tecnologia, muito trabalho, arrojado
espírito empreendedor e adequada concessão de crédito agrícola. Na
última safra, o estado foi reconhecido nacionalmente como um dos mais
produtivos do Brasil, considerada a área plantada, mesmo no semiárido
nordestino, uma das mais difíceis regiões do mundo para a agricultura.
Atualmente,
milhares de pessoas dependem, direta ou indiretamente, da saúde
econômica dessa cadeia. Não somente os agricultores e suas famílias, mas
os pecuaristas, granjeiros, confinadores, industriais, comerciantes e
trabalhadores do campo e dos setores urbanos correlacionados.
Mas, os
benefícios não se resumem a esse círculo virtuoso em torno da produção,
pois contemplam a própria sociedade em geral, em função da pujança
econômica do setor, a movimentar a roda da economia e, com isso,
incrementar o emprego, a renda e a circulação de bens e serviços,
aumentando a arrecadação e, portanto, potencializando melhorias para
áreas críticas como saúde, educação e segurança pública para todos os
cidadãos.
Entretanto, o
fenômeno climático El Niño, ocasionado pelo aquecimento anormal das
águas do oceano Pacífico equatorial, um dos mais fortes de que se tem
notícia, segundo agências climáticas nacionais e internacionais, gerou
altíssimas temperaturas no verão, seguidas de atraso nas chuvas, sua má
distribuição, baixíssimo volume e curta duração.
As agências
governamentais e serviços de meteorologia apontam os índices
pluviométricos mais baixos em décadas e confirmam, cientificamente, o
que o homem do campo está a ver no seu duro dia a dia: um triste e
desesperador quadro de calamidade pública que irá se agravar se nada for
feito.
De fato, há
pouca ou nenhuma água represada nos tanques, aguadas e açudes. Até zonas
mais litorâneas estranham a escassez das chuvas. Boa parte do rebanho
mal se recuperou do forte verão. E a safra de milho, já abalada pelo
plantio atrasado e pelas prolongadas estiagens dentro do ciclo da
lavoura, se perde em velocidade e intensidade nunca vistas.
A forte presença
do milho na atividade econômica sergipana, a alta geral do preço, que
será ainda maior em razão da quebra da safra, e a dependência social do
produto, reclamam a mais detida atenção e pronta atuação das autoridades
e agentes financeiros. Estão em jogo a renda do produtor, sua
capacidade de pagamento de compromissos financeiros e a preservação do
emprego dos trabalhadores.
Neste ano
milhões de toneladas de lavoura rapidamente secaram e apodrecem nos
campos enquanto aguardam definições relacionadas aos trâmites do Proagro
(Programa de Garantia da Atividade Agropecuária).
A quebra da
safra pelo clima, seguida do desperdício da massa verde por falta de
rapidez nos trâmites para liberação do seguro – um direito pago pelo
produtor – será mais que algo pernicioso para a economia e desesperador
para o homem do campo.
Diante da situação a classe produtora CLAMA por algumas medidas:
1) NECESSÁRIA decretação do estado de emergência nos municípios atingidos;
2) EMERGENTE
agilização dos trâmites para concessão do Proagro, com imediata
liberação das lavouras para silagem, em regime de força-tarefa de
técnicos credenciados, atuando por amostragem com base em dados
pluviométricos;
3) PRUDENTE
aprovisionamento de recursos públicos para subsidiar a aquisição de
silagem pelos pequenos e médios produtores, durante o verão 2016/2017;
4) URGENTE
atuação política em busca de providências para rebate e alongamento de
prazos da dívida agrícola, a exemplo do que foi recentemente obtido por
produtores de outras regiões por meio da Medida Provisória nº 733, de 14
de junho de 2016.
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