Prefeitos deliberam ações para enfrentar crise
Prefeitos deliberam ações para enfrentar crise
Com
custos em alta e receitas em queda, as prefeituras baianas enfrentam a
pior crise financeira dos últimos sete anos. Seca, enchentes, queda de
receitas, dívida previdenciária, “calotes’ de recursos acordados com
governos estadual e federal, elevação de salário mínimo e piso do
Magistério foram problemas discutidos entre os prefeitos na Assembleia
Geral Extraordinária que a diretoria da UPB realizou na manhã desta
quarta-feira (13/01) com prefeitos associados.
A reunião, que pretendeu planejar ações
do movimento municipalista para o ano que se inicia, deliberou algumas
providências no sentido de reduzir os danos provocados pela crise
econômica que atinge os municípios desde 2018. Entre as decisões está a
criação de uma comissão para encaminhar as demandas à Superintendência
do INSS, evitando o sequestro de recursos para quitar dívida
previdenciária; a solicitação de uma audiência com o Governador Rui
Costa para discutir os restos a pagar de 2014 na saúde e estudar a
alternativas para o reajuste do piso do magistério junto à Confederação
Nacional dos Municípios (CNM).
Na ocasião, foi apresentado um relatório
das ações da entidade em 2015 com a apresentação do número de encontros
realizados pelas comissões temáticas criadas na UPB para atuar nas áreas
de Educação, Saúde, Segurança e Reforma Política durante o ano de 2015,
mantendo diálogo entre os governos municipais e estadual; a criação do
Sistema de Informação Municipal (SIM) – programa que visa agilizar e
criar uma melhor forma de acesso às informações pertinentes a cada
município; além de seminários e cursos de capacitação.
Desgaste eleitoral
Em ano de eleições municipais, o
depoimento da maioria dos prefeitos expressou a desmotivação notória,
especialmente neste momento de queda das receitas. Na Bahia, 298
gestores podem concorrer a reeleição este ano, porém os cofres vazios e o
consequente engessamento das administrações deve prejudicar a atuação
deles nas urnas. A falta de repasse de recursos do Governo Federal para o
custeio de programas sociais é a principal queixa.
A presidente da UPB e prefeita de Cardeal
da Silva, Maria Quitéria, apontou essa questão, acrescentando que
“todos os problemas enfrentados pela administração pública são resultado
da falta de recursos”. Ressaltou ainda que as dificuldades enfrentadas
são muito grandes e comum a todas as gestões, motivo pelo qual acredita
que as atitudes a serem tomadas não podem ser feitas de forma isolada.
“A união de todos os prefeitos é muito importante na tentativa de mudar
este cenário”.
FPM
No acumulado de 2015, o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) repassou R$ 84,362 bilhões às
prefeituras, sendo que no mesmo período do ano anterior o fundo ficou em
R$ 79,355 bilhões. Em termos nominais, sem ponderar os efeitos da
inflação, o FPM fechou o ano 6,31% maior que o ano anterior. É
importante ressaltar que repasses extras, bem como decisões judiciais,
além do 1% de julho e de dezembro do presente ano – recursos adicionais
no Fundo conquistados pelo Movimento Municipalista – foram incluídos no
levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A Confederação reitera que, considerado o
efeito que a inflação tem sobre o poder de compra do dinheiro, o
repasse total em 2015 apresentou uma queda de 2,33% quando comparado ao
montante repassado em 2014. De acordo com a CNM é importante ressaltar
que essa diferença entre valores reais e nominais se dá porque o aumento
efetivo dos repasses do fundo não foram suficientes para cobrir os
efeitos danosos da inflação no último ano. A CNM usou dados da
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para executar a estimativa do FPM. A
perspectiva para o mês de janeiro continua negativa, o primeiro decênio
do mês sofreu redução de 13% comparado ao mesmo período do ano
anterior.
PERDAS
Durante a reunião, o prefeito de
Jaguaquara, Giuliano Martinelli, informou que teve uma perda de quase
40% da receita e enfrenta uma enchente no município. Apesar de ter
celebrado inúmeros convênios com o Derba relatou ter dificuldade em
conseguir máquinas para escoar a água da chuva. “As obras essenciais
ninguém está conseguindo. Sou prefeito de primeiro mandato e hoje estou
arrependido. Estou com obras inauguradas mas não pagas, por falta de
recurso federal. Acho que a hora agora é de dar um basta”.
Adriano de Queiroz Alves, prefeito de
Palmeiras, disse que tem oito quilômetros de estradas esburacadas e não
tem recursos. “O Estado está passado ações para retirar sua
responsabilidade. Está muito claro que os governos estadual e federal
economizam com a gente e ficamos com todo o custeio”.
“Precisamos garantir o mínimo do FPM,
assegurar essa receita porque a queda é brutal”, desabafou o prefeito de
Itanhém, Milton Guimarães. “Exigir os recursos da saúde que não foram
repassados, exigir prazos. Assistência social também. Eles precisam
cumprir com os prazos, suspender a cobrança do INSS e ter um
entendimento com os técnicos do TCM a respeito das despesas com
pessoal”.
O vice presidente administrativo da UPB e
prefeito de Barra do Choça, Oberdan Rocha lembrou que a criação de
comissões temáticas criadas pela UPB trouxeram representantes do estado
para se comprometer com os municípios, “mas os secretários estaduais se
comprometeram em parcelar as dívidas e até agora nada. Os prefeitos não
podem assumir as despesas do estado. São situações que vão se acumulando
mas quem é que vai ter condições de absorver? Na saúde o governo
federal cortou recursos de endemias e agora quer ação para combater
surto de dengue e zica. De 2013 para 2014 houve calote do governo, o
próprio Conselho de Secretários Municipais de Saúde constatou. Começamos
o ano sem recursos da saúde e educação e não temos capacidade de
suportar isso”.
O tesoureiro da UPB e prefeito de
Teixeira de Freitas, João Bosco, foi enfático: “Só conseguimos vitória
com uma bandeira, a que nos unifica: o pacto federativo. O que
propiciará melhorias de atendimento dos munícipes é com a divisão de
recursos e precisamos debater a divisão do bolo que é necessário”.
Tânia Regina, prefeita de Riachão de
Jacuípe, afirmou estar desiludida. “Meu município estava na seca, houve
uma enchente e não sei mais a quem pedir para sustentar essa situação.
Não temos estímulo para ir à reeleição. O que fiz no município com
muitas obras possibilitou a escolha do local para a passagem da tocha
olímpica. E tudo que fiz não valeu nada por causa de uma folha que você
deixou de pagar. O precatório lá é muito alto e o INSS levou tudo o que a
gente tinha”.
O prefeito André Martins de Retirolândia
relatou problemas com o bloqueio do FPM. Já Ivan Cedraz de Piritiba
sugeriu investir em comunicação para dar voz aos executivos municipais. O
prefeito de Presidente Dutra, Roberto Carlos, afirmou que se os
governos repassassem as obrigações em dia não haveria essa situação de crise.
http://www.upb.org.br
Fonte:UPB/Reproduçao adustinaadsa.com
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