Adustina:Eclipse, equinócio e superlua devem acontecer esta sexta-feira.
Foto:Divulgação/Nasa.
Três eventos celestes devem acontecer nesta sexta-feira (20). Além do
equinócio, quando o Sol cruza o plano do equador e a noite e o dia têm
exatamente a mesma duração, a sexta terá um raro eclipse total do Sol,
único do ano, e uma superlua. O equinócio marca o início do outono no
hemisfério Sul do planeta e a primavera no hemisfério no Norte, com
início oficialmente às 19h45. O eclipse total do sol, por outro lado, só
poderá ser visto em regiões remotas do hemisfério Norte e do oceano
Ártico - um eclipse parcial poderá ser visto da Europa e de áreas do
norte da África e da Ásia. A superlua poderá ser vista em diferentes
regiões do planeta, mas não será tão impactante, já que a data coincide
com o início da lua nova. O fenômeno, mais fácil de ser observado quando
há lua cheia, deve acontecer novamente em 29 de agosto. Para quem vive
no hemisfério Norte e quiser tentar observar o Sol sumindo por trás da
lua, o eclipse começa às 7h41 GMT (Greenwich, Inglaterra), atinge seu
pico às 9h45 GMT e termina por volta das 11h50GMT, de acordo com
informações do Uol. Nas Ilhas Faroé, entre a Islândia e a Noruega, o
evento terá maior duração, com cobertura total do Sol pela Lua de 2
minutos e 4 segundos.
Adustina:foto/Jailson Rodrigues, 18:50 h,07/03/2015. |
Adustina:foto/Jailson Rodrigues, 18:50 h,07/03/2015. |
Adustina:foto/Jailson Rodrigues, 18:50 h,07/03/2015. |
Eclipse solar parcial foi registrado no Estado da Virgínia (EUA), em outubro de 2014
Algumas superstições sobre os eclipses, por exemplo: que o mundo vai acabar
Entre as 9h04 e 11h16 desta sexta-feira (20) na Espanha, poderemos
observar no país um eclipse parcial do Sol. Tal como explica o
Observatório Astronômico Nacional, o momento máximo terá lugar às 10h08,
quando a Lua cobrirá 72% da estrela. Vale a pena aproveitar a
oportunidade: o próximo eclipse solar parcial visível na Espanha
acontecerá em 21 de agosto de 2017, mas em más condições porque
coincidirá com o pôr-do-sol. O próximo eclipse solar total visível da
Espanha só ocorrerá em 12 de agosto de 2026, e depois, em 2 de agosto de
2027.
Não afeta as grávidas
Os temores
infundados sobre os efeitos dos eclipses são mais numerosos no caso dos
lunares, mas os solares também têm os seus. Sobretudo no caso das
mulheres grávidas. No México, inclusive, se associavam os eclipses ao
lábio leporino, como sendo uma mordida no Sol ou na Lua, e as mulheres
deviam proteger o ventre com um avental ou roupa vermelha. O diretor do
Observatório Griffith, E. C. Krupp, explicou à "National Geographic" que
esse mito de que um eclipse pode afetar as gestações é um dos mais
persistentes, e que a cada eclipse recebe dezenas de ligações. Mas não
há por que se preocupar: nunca se documentou qualquer prova de que os
eclipses tenham algum efeito nas pessoas, grávidas ou não.
Tampouco causará indigestão
Uma tradição indiana recomenda não comer durante um eclipse, sob o
risco de sofrer indigestão. Trata-se de um costume ancorado na religião
hindu: o demônio Raju tentou conseguir a imortalidade com enganos, mas
foi denunciado, e por isso vem tentando devorar o Sol ou a Lua de vez em
quando. Também se tenta raciocinar que os germes proliferam mais quando
não há luz, e por isso é preciso jogar fora a comida preparada antes do
eclipse. Não há base para essas crenças. Na sexta-feira, das 9h às 11
horas, poderemos acompanhar o eclipse com um bom desjejum, por exemplo.
Mas cuidado com os olhos
Dizíamos que os eclipses não têm qualquer consequência, mas há uma
exceção óbvia: nossa vista. Não podemos olhar diretamente para o Sol. Há
necessidade de óculos de eclipse e filtros ou projeções para os
telescópios e prismáticos.
Talvez afete os alemães
O eclipse poderia ter consequências na Alemanha, já que é o país na
Europa que mais utiliza a energia solar. Essa fonte representa 7% do
abastecimento do país, segundo a revista "Mother Jones", que acrescenta
que as empresas elétricas alemãs "estão há meses se preparando para o
que é essencialmente um teste sem precedentes da rede". A Espanha também
preparou suas redes elétricas para esta sexta-feira. Em 2014, a energia
solar representava aproximadamente 3% do abastecimento.
Para os animais
Há debate a respeito, já que é difícil fazer uma observação adequada,
mas parece que os animais notam os eclipses solares e reagem a eles. Um
estudo realizado no Zimbábue observou que muitos, como os hipopótamos,
confundem o eclipse com o pôr-do-sol e se retiram para dormir. Os leões,
elefantes e crocodilos não mostraram atitudes diferentes. Outros
animais, como as abelhas e os esquilos, atuam com mais nervosismo, em
vez de responder ao padrão habitual de confundir o eclipse com o
anoitecer e se retirar. E em outro estudo se viu que chimpanzés em
cativeiro simplesmente se limitaram a observar o fenômeno.
O mundo não vai acabar
11 de agosto de 1999. Eclipse total do Sol. O estilista de moda Paco
Rabanne prevê que a estação espacial Mir despencará sobre Paris por
culpa do acontecimento e decide deixar a cidade. Caso alguém tenha
lembranças muito imprecisas dessa época, esclarecemos que isso não
ocorreu.
As profecias sobre o apocalipse e os eclipses não são
novas, e para esta sexta-feira já há algumas circulando. Por exemplo, o
jornal "The Independent" publicou os temores do cofundador do site Root
Source, Bob O'Dell, segundo o qual o eclipse representa uma mensagem de
advertência, sobretudo para os europeus. O fenômeno ganha importância
para os agourentos, já que estamos em plena tétrada de luas vermelhas,
que são quatro eclipses lunares separados por seis luas cheias. Este
fenômeno foi associado ao fim do mundo, apesar de não ser a primeira vez
que ocorre (exceto entre 1600 e 1900).
O truque de Colombo, Mark Twain e Tintim
Os eclipses costumam ser vistos como acontecimentos negativos ou que
antecipam desastres, mas é mais acertado descartar essas superstições,
sobretudo se lembrarmos do que aconteceu com os índios arahuacos, da
Jamaica. Tal como narra Joe Rao em "Space", em 1503, esses índios
receberam as duas caravelas de Colombo, que passava por dificuldades em
sua quarta viagem à América.
Depois de seis meses, metade da
tripulação de Colombo se amotinou, roubou e assassinou alguns arahuacos,
que estavam cansados de oferecer comida em troca de quinquilharias.
Para conseguir voltar ao que Colombo considerava "comércio justo", ele
ameaçou o líder dos nativos de apagar a Lua se não fosse restabelecido o
fluxo adequado de víveres. Coisa que ocorreu: naquela noite houve um
eclipse, como Colombo sabia por dispor de um almanaque com tabelas
astronômicas.
Mark Twain recuperou esse truque de forma mais
amável em "Um ianque na corte do rei Arthur", com um eclipse solar, tal
como faria também o personagem Tintim em "O Templo do Sol".
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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