Rui falou a verdade: com raras exceções, não passam de uns traíras, por Raul Monteiro*
Foto: Divulgação/Arquivo
Governador Rui Costa peitou os traíras que mamam em todos os governos, inclusive, no seu11 de novembro de 2021 | 07:31Rui falou a verdade: com raras exceções, não passam de uns traíras, por Raul Monteiro*
O governador Rui Costa (PT) se envolveu em duas polêmicas da semana que passou para esta da qual se pode dizer que seguramente saiu engrandecido. Na primeira, chamou deputados da própria base que votaram a favor da PEC dos Precatórios de traíras, praticando o esporte político preferido da sociedade brasileira, que é o de malhar seus representantes, especialmente parlamentares. Na segunda, foi atacado por vereadores por causa de sua postura justificadamente cautelosa em relação à possibilidade da realização de festas como o Carnaval e da recomendação ‘bandavoou’ que a tem acompanhado e preconiza irresponsavelmente a abolição do uso de máscaras.
É realmente difícil acreditar que os parlamentares que votaram a favor de um calote estatal que atenta contra a segurança jurídica e a responsabilidade fiscal, única forma de operar o controle sobre a economia de um país, estejam pensando no Brasil ou na situação de seus cada vez mais numerosos pobres, virtuais beneficiários do chamado Auxílio Brasil, com que o governo pensa em comprá-los e cuja aprovação pela Câmara dos Deputados foi utilizada como justificativa deslavada para a aprovação da emenda, e não nos seus próprios interesses, personificados pelas emendas milionárias pelas quais a articulação governista trocou seus votos.
Difícil, não! Impossível. É claro que nem todos que emprestaram seu apoio para viabilizar esta excrescência eleitoreira estavam focados nos negócios que, através de conluios com prefeitos e outros gestores públicos, podem viabilizar por meio da alocação de verbas para obras em municípios a serem realizadas por empreiteiras amigas que lhes pagam polpudas comissões. Mas a grande maioria, com certeza, apostou tudo na negociata, que não acontece de agora, mas aumentou absurda e descaradamente no governo do presidente que prometia quebrar o sistema e acabar com a corrupção, mas vendeu o país de corpo e alma a um conglomerado de malfeitores denominado Centrão.
Portanto, o que Rui fez, aproveitando a ocasião, foi ter se colocado ao lado do povo quando atacou a turma que, mesmo mamando no seu governo, não perde a chance de se locupletar com um instrumento que transformou abusivamente numa forma de desviar recursos que deveriam ir para os serviços de que a sociedade carece. Agindo assim, somou pontos para o seu já elevado nível de aprovação popular, atestado em recente pesquisa divulgada pelo Valor Econômico. Como qualquer um de nós, o governador sabe que não há quem defenda esse time de parlamentares que enxovalham o Congresso buscando, a todo custo e em qualquer pequena oportunidade, ampliar seus privilégios.
Basta ver como, apesar das reações supostamente indignadas aqui e ali dos ‘santinhos’ que se sentiram ofendidos, não há quem os defenda. Quanto à preocupação que o petista tem revelado a respeito das propostas de retomada de festas populares associadas à dispensa de medidas de proteção sanitária contra uma doença que vitimou fatalmente mais de 600 mil pessoas, é difícil que também não registre apoio de quem é ético à sua postura. De fato, já passou da hora de a economia ser retomada, as atividades revividas e os empregos restaurados, mas é imoral defender o retorno à custa do salve-se-quem-puder e do desprezo às barreiras disponíveis contra a Covid.
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