'Agora eu passo a integrar a galeria dos injustiçados', diz Wagner em ato com políticos
Terça, 27 de Fevereiro de 2018 - 09:40
'Agora eu passo a integrar a galeria dos injustiçados', diz Wagner em ato com políticos
por Ailma Teixeira


Foto: Reprodução / Facebook Jaques Wagner/www.adustinaadsa.com
Um grupo de políticos da Bahia se reuniu na noite dessa
segunda-feira (27) em apoio ao secretário de Desenvolvimento Econômico
do Estado (SDE) e ex-governador Jaques Wagner (PT). O petista é alvo da
Operação Cartão Vermelho, deflagrada na manhã de ontem com o cumprimento
de mandados de busca e apreensão na sua residência no Corredor da
Vitória, na SDE e em endereços de outros envolvidos no processo. A
investigação da Polícia Federal (PF) aponta que houve superfaturamento
no contrato de demolição e reconstrução da Arena Fonte Nova com a Fonte
Nova Participações. "Desde 2013 que esse inquérito rola na Polícia
Federal, rola na incompreensão do que é uma PPP e até hoje muita gente
dos órgãos de fiscalização não sabe o que é uma Parceria Público-Privada
e fica tentando achar chifre em cabeça de cavalo", criticou Wagner em
discurso. Governador à época, o petista foi acusado de manter "todo o
poder decisório" sobre o contrato e também de ser beneficiário de R$ 82
milhões, provenientes da negociação irregular (saiba mais aqui e aqui).
Com os valores atualizados, o superfaturamento chega a R$ 450 milhões,
de acordo com estimativa da PF. Eles apontam que parte desse montante
foi quitado com a dívida da Companhia de Engenharia Hídrica e de
Saneamento da Bahia (Cerb) e outra parcela foi destinada à campanha
eleitoral de 2014. “Agora eu passo a integrar a galeria dos
injustiçados, dos vilipendiados”, declarou Wagner. “Meu nome, como
começa a ser julgado como Plano B, assim como o nome de Haddad
[Fernando, ex-prefeito de São Paulo]... No caso dele, pau. Agora comigo,
a mesma coisa”, acrescentou o ex-governador, indicando um caráter
político na investigação. Ele se refere ao fato de ter sido apontado
como alternativa do Partido dos Trabalhadores, caso a candidatura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja impossibilitada. Quanto ao
inquérito da Operação Cartão Vermelho, Wagner deve voltar a prestar
esclarecimentos depois que os materiais recolhedores forem analisados.
Entre os bens apreendidos pela PF estão computadores, celulares,
documentos e “relógios de luxo”, que Wagner disse ter comprado na China.
“Eu já estive na Polícia Federal em maio desse ano [2017] e me lembro
muito claramente quando a delegada me perguntou: ‘O senhor quer depor
como testemunha ou como indiciado? Porque como testemunha, o senhor não
pode mentir’. Eu disse: ‘Então, me bote como testemunha. Eu não tenho
nada pra mentir ou pra omitir aqui’”, relatou aos colegas. Após a
apresentação do caso pela própria PF, o petista promoveu uma coletiva de
imprensa com seus advogados, onde negou que tenha recebido propina (veja aqui).
Horas depois, o secretário se reuniu com petistas e outros políticos
coligados. Em transmissão ao vivo, exibida no Facebook do ex-governador,
é possível ver a presença de nomes como o vice-governador, João Leão
(PP), a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), o presidente estadual
do PT, Everaldo Anunciação, os deputados estaduais Fabíola Mansur (PSB),
Pastor Sargento Isidório (Avante), o presidente da Assembleia
Legislativa da Bahia (AL-BA), Ângelo Coronel (PSD) e outros nomes da
política baiana.
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