Janot aponta crueldade a animais e pede suspensão de normas que autorizam vaquejada
Sábado, 09 de Setembro de 2017 - 11:20
Janot aponta crueldade a animais e pede suspensão de normas que autorizam vaquejada

Foto: Divulgação
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ajuizou no
Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade,
com pedido de liminar, para questionar a Emenda Constitucional (EC)
96/2017, segundo a qual práticas desportivas que utilizem animais não
são consideradas cruéis desde que sejam manifestações culturais. Além da
emenda, a ação impugna ainda duas leis federais: a que regulamenta a
vaquejada e eleva esta prática à condição de patrimônio cultural
imaterial e a lei que institui normas sobre atividade de peão de rodeio e
o equipara a atleta profissional, incluindo as vaquejadas como
modalidade de provas de rodeio. Segundo Janot, a EC 96/2017 colide com
as normas constitucionais de proteção ao ambiente e, em particular, com
as do artigo 225, parágrafo 1º, que impõe ao Poder Público a proteção da
fauna e da flora e veda práticas que submetam animais a crueldade. “A
obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos
culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não
prescinde da observância do disposto no inciso VII do artigo 225 da
Carta Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os animais à
crueldade”, avalia o procurador-geral, que acrescenta: “não se pode
dissociar a proteção da fauna, particularmente contra tratamento cruel,
mesmo que em nome de manifestações culturais vetustas, da proteção e
valorização que a própria Constituição atribui à dignidade humana”. Para
Janot, a crueldade das atividades não desaparece mediante uma norma
jurídica que as rotule como manifestação cultura. “A crueldade ali
permanecerá, qualquer que seja o tratamento jurídico a ela atribuído”,
sustenta. Para ele, a situação fica ainda mais graves diante da
regulamentação da prática. Janot lembrou ainda de decisões do STF que
consideraram como práticas cruéis contra os animais as brigas de galo e a
farra do boi, além da tramitação de outras ações semelhantes para
questionar leis estaduais que permitem a vaquejada como manifestação
cultural ou desportiva.
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