Brasil:Lista de delações muda ritmo em Brasília
Brasil
Lista de delações muda ritmo em Brasília
Revelações
deverão afetar a agenda de votação na Câmara e no Senado, e inviabilizar
votação da segunda etapa da repatriação de recursos de brasileiros
depositados ilegalmente no exterior
Mesmo diante da expectativa de o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviar nesta
segunda-feira, 13, ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista com 80
pedidos de investigação contra ministros e parlamentares com base nas
delações da Odebrecht, o presidente Michel Temer vai tentar manter o
clima de normalidade e focar em agendas positivas para desviar a atenção
do assunto. No Congresso, porém, a avaliação é de que as revelações
deverão afetar a agenda de votação tanto na Câmara como no Senado.
Para parlamentares, o ritmo das votações
vai depender do impacto da nova lista no mundo político. No Senado, os
pedidos de abertura de inquérito podem atingir nomes importantes do PMDB
e do PSDB e inviabilizar a votação da segunda etapa da repatriação de
recursos de brasileiros depositados ilegalmente no exterior, considerada
prioritária para os Estados em crise.
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Plenário do Senado (Foto: Agência Brasil/EBC)
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Também
citado por executivos da Odebrecht, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), convocou uma reunião de líderes para terça-feira, 14,
para definir o comando das comissões permanentes da Casa, mas abandonou a
ideia de colocar em votação nesta semana o projeto sobre terceirização,
considerado polêmico pela oposição.
"O Congresso vai precisar mostrar
maturidade para separar as agendas econômica e política", disse o líder
do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB). Há, no entanto, quem
defenda que deixar o plenário esvaziado, sem votações, é pior, porque
torna a Lava Jato a única pauta da semana.
No Planalto, para mostrar que o governo não
está paralisado diante da nova lista de Janot, Temer convocou uma
reunião para esta segunda, às 9h30, para discutir segurança pública e
combate ao crime organizado. A agenda presidencial prevê ainda uma
viagem no fim da semana para inaugurar uma obra contra enchentes na
região do Vale Itajaí, em Santa Catarina.
Além de deputados e senadores, pelo menos
dois ministros da cúpula do Palácio do Planalto devem estar na nova
lista de Janot: o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que volta ao
trabalho hoje após um período de licença médica, e o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco. Interlocutores do
presidente dizem, porém, ter convicção de que Temer, pessoalmente, não
será atingido pelas delações.
O discurso oficial de auxiliares do
presidente é que, para o governo, o ideal seria que o conteúdo das
delações fossem divulgadas de uma vez, para que o Planalto não fosse
atingido, a cada semana, com novos fatos.
Os pedidos encaminhados por Janot serão
analisados pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
Apenas se Fachin autorizar a derrubada do sigilo das delações é que o
conteúdo se tornará público.
Supremo
Entre os ministros do Supremo, o discurso é que a chegada da "megadelação" não vai alterar a rotina da Corte. O número especulado de políticos citados, de cerca de 200, não impressiona o ministro Celso de Mello. "Todos os julgamentos que chegam ao Supremo são importantes e relevantes", disse.
Entre os ministros do Supremo, o discurso é que a chegada da "megadelação" não vai alterar a rotina da Corte. O número especulado de políticos citados, de cerca de 200, não impressiona o ministro Celso de Mello. "Todos os julgamentos que chegam ao Supremo são importantes e relevantes", disse.
Segundo o ministro Gilmar Mendes, os novos
pedidos de abertura de inquéritos não vão paralisar os trabalhos do
Supremo. Perguntados sobre se são a favor ou contra o fim do sigilo das
delações, os ministros não opinaram. "Isso está confiado ao relator",
afirmou Mendes.


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