Epidemia de zika acabará sozinha em três anos, afirmam cientistas
Sexta, 15 de Julho de 2016 - 18:40
Epidemia de zika acabará sozinha em três anos, afirmam cientistas

Foto: Reprodução / Agência Brasil
Os pesquisadores do Imperial College London, em um artigo publicado
na revista Science, afirmam que a epidemia de zika na América Latina
provavelmente desaparecerá sozinha dentro de três anos. Eles afirmam,
ainda, ser improvável acontecer uma nova epidemia do vírus de larga
escala nos próximos 10 anos, apesar de não descartarem a possibilidade
do surgimento de surtos menores. A explicação é o fenômeno conhecido
como imunidade de rebanho: as pessoas ficam imunes ao vírus após a
primeira infecção e, desta forma, cada vez mais são produzidos
anticorpos e a transmissão não se sustenta em larga escala. De acordo
com o estudo, depois da atual epidemia, levará 10 anos para que surja
uma nova geração de pessoas que nunca foram infectadas. "Esse estudo usa
todos os dados disponíveis para fornecer uma compreensão de como a
doença vai se desdobrar - e nos permite avaliar a ameaça em um futuro
iminente. Nossa análise sugere que não é possível conter o avanço da
zika, mas que a epidemia vai acabar sozinha em dois ou três anos", disse
Neil Ferguson, que liderou o estudo. Um dado preocupante que os
cientistas trouxeram é que as ações de combate aos mosquitos que estão
sendo realizadas têm efeito limitado. "Retardar a transmissão entre as
pessoas faz com que a população leve mais tempo para atingir o nível de
'barreira de rebanho' necessário para que a epidemia cesse. Além disso,
combater o mosquito pode fazem com que a janela entre as epidemias - que
estimamos ser de 10 anos - acabem ficando mais curtas", explicou
Ferguson.
Imagens inéditas mostram gravidade da lesão causada pelo vírus zika no crânio de um bebê

Foto: Sumaia Villela/ Agência Brasil
A revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia
trouxe, como capa, imagens tridimensionais inéditas da gravidade da
lesão encontrada no crânio de um bebê com microcefalia. A mãe do bebê
que teve seu cérebro utilizado foi exposta ao vírus zika no primeiro
trimestre de gestação. De acordo com a Agência Fiocruz de Notícias, as
imagens fazem parte do artigo “Cranial bone collapse in microcephalic
infants prenatally exposed to zika virus infection” (Colapso dos ossos
cranianos em bebês com microcefalia expostos à infecção pelo vírus zika
na gestação) e fazem parte do trabalho do Instituto Fernandes Figueira
(IFF). A unidade é especializada na assistência a gestações de alta
complexidade e na atenção a crianças com doenças crônicas. E, desta
forma, acompanha as consequências da infecção pelo zika em gestantes e o
nascimento de crianças com anomalias, em especial a microcefalia. A
Agência Fiocruz de Notícias divulgou que a equipe se surpreendeu ao
comparar os achados radiológicos das crianças que têm microcefalia por
conta do vírus zika com as que possuíam a doença por fatores genéticos
ou por infecção congênitas. “Com as imagens tridimensionais realizadas
no IFF, nós conseguimos visualizar todos os aspectos da calota craniana.
Nessas imagens, temos as dimensões reais. Como estamos diante de uma
situação nova, o que nos chamou atenção foi o grau de deformidade do
crânio”, afirmou a médica radiologista responsável pela realização dos
exames e das imagens publicadas, Márcia Boechat. Ela destacou que o
tecido cerebral foi afetado no que diz respeito ao arcabouço ósseo. “É
como se acontecesse o colapso da calota craniana, secundariamente a
destruição do cérebro que estava em desenvolvimento. Com isso, os ossos
superiores foram rebaixados. Clinicamente, é possível palpar uma espécie
de bico tanto atrás, na região occipital, quanto nas laterais da cabeça
dos bebês”. Tânia Saad, neurologista infantil do Instituto, afirmou que
a deformidade por conta do vírus afeta diretamente os neurônios. “Por
conta da desaceleração do crescimento cerebral, alguns neurônios acabam
perdendo as suas funções, o que prejudica diretamente a capacidade de
aprendizagem dessas crianças. Contudo, dependendo da localização no
cérebro onde há lesões e do grau de sua extensão, os bebês podem
apresentar problemas de visão, surdez, dificuldade para deglutir a
própria saliva, convulsões, entre outros sintomas”, afirmou.

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