Estudo mostra que Jeremoabo e outras cidades próximas ao Rio São Francisco podem virar deserto
Estudo mostra que Jeremoabo e outras cidades próximas ao Rio São Francisco podem virar deserto
- Criado em Sexta, 05 Fevereiro 2016 04:00
- Publicado em Sexta, 05 Fevereiro 2016 04:00
- Publicado por Pedro Son

O estudo mostra que a continuar a redução das chuvas e sem tomadas de providencias podemos virar deserto sim
Estudo mostra que Jeremoabo e outras cidades próximas ao Rio São Francisco podem virar deserto
Enquanto
especialistas tentam explicar a ironia meteorológica, enfatizando que
essas chuvas não significam o fim da seca atual na região, ficam óbvias
as fragilidades de cidades do Médio São Francisco diante de fenômenos
naturais extremos que se tornarão cada vez mais severos e frequentes com
as mudanças climáticas em curso no planeta. É justamente esse grau de
vulnerabilidade local que pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) mapearam pela primeira vez. Segundo a pesquisa, feita com
dados de 84 municípios baianos na Bacia do São Francisco, até 40 dessas
cidades são altamente vulneráveis aos efeitos do aquecimento global.
Ou
seja, nos próximos 25 anos, com estiagens mais longas e menos
esporádicas, além de aumento da temperatura, esses locais — todos com
baixos indicadores sociais — são mais sujeitos a experimentar fortes
perdas agrícolas, escalada de doenças, evasão de moradores e até a
desertificação das paisagens.
—
O objetivo do estudo é dar instrumentos para a gestão pública. Se nada
for feito no sentido de preparar a região para as mudanças climáticas,
essas populações poderão sofrer mais com o aquecimento do planeta. O
trabalho identificou fortes desigualdades entre municípios vizinhos.
Paulo Afonso, por exemplo, é o mais protegido. Mas há cidades próximas,
como Jeremoabo, em situação bem mais frágil.
Toda
a área pesquisada fica dentro do bioma da Caatinga, um dos mais
ameaçados pelas alterações no clima. Com base em dados do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estudo identificou possíveis
mudanças de temperatura e volume de chuvas para cada município
considerando dois cenários: o primeiro, otimista, leva em conta um corte
das emissões globais de gases-estufa, impedindo que o aquecimento médio
da Terra supere 0,98 grau Celsius, com uma queda no volume de chuvas de
101mm em 25 anos. Mesmo com essa conjuntura, 34 municípios da área
estudada foram classificados como altamente vulneráveis.
O
segundo cenário estipulado pela pesquisa considera uma progressão
contínua das emissões no planeta, o que elevaria a temperatura global em
até 1,75° C, com um decréscimo maior, de 172mm, no volume de chuvas até
2040. Diante dessas previsões pessimistas, o número de cidades com
vulnerabilidade alta ou muito alta chega a 40. Além disso, analisando
indicadores locais, os pesquisadores alertam que a cidade de Buritirama,
por exemplo, pode se tornar 2,13°C mais quente. Já em Urandi, a queda
no volume de chuva pode chegar a 438 mm.
A
pesquisa também alerta para diferentes doenças, como dengue,
esquistossomose e diarreia, que podem se tornar mais comuns na região.
—
A seca no Nordeste sempre existiu, é histórica. Nossa preocupação no
estudo é com o agravamento disso. Sem investimento em melhorias, pode
não haver, no futuro, condições de sobrevivência nesses locais — comenta
a pesquisadora Diana Marinho, da Escola Nacional de Saúde Pública
Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). — Os municípios sofrem muito com as
estiagens e com as enxurradas. Por ser uma área muito seca, as
prefeituras não se preocupam com drenagem, por exemplo. Quando cai uma
chuva forte, os moradores são pegos desprevenidos. Não há sistemas para
armazenar essa água.
Segundo Diana, que nasceu em Campina Grande, na Paraíba, o sertanejo tende a confiar o futuro a Deus:
—
Eles dizem que “se Deus quiser, vai chover, e o milho vai crescer”. Não
se mobilizam para mudar as coisas porque o pai, o avô e o bisavô sempre
fizeram daquele jeito. O problema é que o clima está sofrendo
alterações, as cidades da região precisam se adaptar a isso.
Fonte e Foto:Globo.com
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